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Foto do escritorBruna Cassapietra

"Artistas não deveriam morrer!"


Você deve ter acompanhado as notícias sobre a greve em Hollywood, resumidamente as principais reivindicações de atores e roteiristas são sobre os reajustes salariais e o uso de Inteligência Artificial (IA) na indústria.

O primeiro ponto que quero trazer é sobre os reajustes salariais - vale lembrar que essa é uma reivindicação dada pelo cenário atual dos crescimentos das plataformas de streaming - o repasse atualmente não leva em consideração a audiência de uma produção ou o número de exibições, como é feito em uma produção para televisão por exemplo.

Não é de hoje que as plataformas vêm redesenhando suas estratégias lucrativas e cortes de gastos, repensando em todo o seu modelo de negócio. Se os custos aumentam para os consumidores, há reclamações, se há corte para os produtores, há reclamações também. O diálogo é delicado e o modelo ainda não está fechado e pelo que me parece, a conversa vai longe.

O segundo ponto levantado pela greve é sobre o uso de Inteligência Artificial (IA), no caso em questão em Hollywood a reclamação vem de um uso sem regulamentação da tecnologia para reproduzir ou replicar atores em uma cena de figuração por exemplo.

A IA é um dos assuntos mais falados desse ano sem dúvida e questões sobre regulamentação é natural quando vemos uma tecnologia ser aplicada e não mais só falada. Trago aqui o caso da Volkswagen com Elis Regina em que gerou tanto emoção quanto questionamentos éticos no público, levando até mesmo o Conar a julgar a publicidade.

Acho no mínimo interessante ver o comportamento das pessoas quando há uma novidade, todos nós trabalhamos para trazer algo novo em nossas áreas e quando algo novo aparece há uma resistência. Claro que o caso que trago aqui mexe com criação e quando falamos de criação gosto de atrelar com arte, tanto roteiristas quanto atores são artistas em suas funções e como defensora da arte, acredito que não há tecnologia que substituía seus trabalhos, mas sim, auxilia.

Todas essas questões juntamente com comercial da Volskwagen, me fez lembrar de uma frase que meu pai sempre diz quando algum artista que ele admira nos deixa: "Artistas não deveriam morrer!".

Eu compartilho dessa opinião, ainda não sabemos imortalizar ninguém, mas se a gente puder estender o máximo a vida dessas pessoas e seus trabalhos, iriamos ver que independente de qualquer novidade tecnológica o ser humano nunca será substituído se ele faz outros seres humanos refletirem.

A minha reflexão como empresária de uma produtora audiovisual, diretora e fotógrafa que se encontrar diariamente no meio dessas balas trocadas entre custo e criação, é que novidades são sempre bem-vindas para exercício da nossa inteligência e capacidade de reflexão com reivindicação para nos ajudar no caminho que "imortalize" nossos feitos.

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